sexta-feira, 26 de agosto de 2016

[Curiosidade] A lenda de Papisa Joana e sua ligação com a sede gestatória

(Deve-se frisar que não se sabe a veracidades destes fatos, portando essa história é tida como lenda.)



Papisa Joana
Nascida no século IX na Europa, Joana era extremamente culta, apesar das mulheres serem proibidas de estudar naquela época. Para fugir dessa proibição, Joana teria se apresentado na Igreja como homem, sendo aceita, então, como monge. Surpreendendo a todos com sua sabedoria, Joana chegou ao papado, alguns anos depois com o nome de João VII. De acordo com a lenda, Joana se apaixonou por um oficial da guarda, de quem acabou engravidando. Pelas largas vestes papais, não foi difícil esconder a gestação. Contudo, durante uma lotada procissão da Igreja em uma rua estreita da cidade, Joana foi acometida pelas dores do parto e acabou tendo o bebê ali mesmo, diante de várias pessoas, causando espanto e indignação. Posterior a este fato, a cadeira gestatória teria sido usada para determinar se o Papa era verdadeiramente homem. O evento começa com a eleição para o papado (verdade ou mito?) de Papisa Joana (John VIII), que usava roupas masculinas. Desde então, a cadeira foi usada para controlar os papas eleitos; portanto, foi adaptada a "cadeira Stercoraria" para que através da abertura na moldura fosse possível verificar o sexo, para confirmar se o papa era verdadeiramente homem. A cadeira foi abolida por Léo X.
Sede papal conhecida como "Cadeira Stercoraria",
que se encontra no Museu do Vaticano.

[A história tida como verdadeira da sede gestatória] A Sedia Gestatória (do latim sedes gestatória; "cadeira para transporte", "liteira") é um trono portátil usado para se carregar os Papas. Muitas vezes fala-se em italiano: sedia gestatória. Este trono consiste em uma cadeira de braços, ricamente adornada, coberta de seda vermelha e ornatos de ouro (as cores de Roma), com o brasão do papa reinante, apoiada num supedâneo, com dois anéis dourados de cada lado por onde passam duas varas. A sede gestatória foi usada principalmente para carregar os Papas, por aproximadamente um milênio, em cerimônias solenes na Basílica de São João de Latrão e na Basílica de São Pedro no Vaticano.O último papa a usá-la foi o Papa João Paulo I, por ocasião do início de seu pontificado, para que a multidão pudesse vê-lo melhor, embora posteriormente tivesse abandonado seu uso, deixando aos seus sucessores o direito de decidir ou não a sua reintrodução (tal como com o uso ou não da Tiara papal). Nos últimos anos de reinado de João Paulo II e devido ao crescente declínio da sua saúde, foi usada uma plataforma sobre rodas para transportar este Papa. Muito recentemente, ao ser consultado por membros da Corte Pontifícia sobre uma possível reintrodução da Sedia Gestatória, o Papa Bento XVI revelou não ser sua intenção voltar a usá-la, enquanto tiver saúde para caminhar. A Sede Gestatória é atualmente substituída pelo "Papamóvel".

Sedia gestatória do Papa Pio VII, em 
exposição no Palácio de Versailles.

Livros: Programa de ações integradas de saúde da UFC e Programa de atenção primária em saúde


Link para baixar direto do google driver. O pdf está deitado, porém poderá ser girado no próprio adobe. 


          



Programa de ações integradas de saúde da Universidade Federal do Ceará.  (PROAIS/UFC)

Projeto elaborado por: José Galba Araújo, Antero Coelho Neto e José Málbio Oliveira Rolim.

Fortaleza-Ceará-1985.  Clique aqui para visualizar e/ou baixar.

Programa de atenção primária de saúde.

Projeto elaborado por: José Galba Araújo e Antero Coelho Neto

Fortaleza-Ceará-1981. Clique aqui para visualizar e/ou baixar.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Samarica Parteira

Música - Luiz Gonzaga
Compositor: Orlando Rodrigues



- Oi sertão!
- Ooi!
- Sertão d' Capitão Barbino! Sertão dos caba valente...
- Tá falando com ele!...
- ...e dos caba frouxo também.
-...já num tô dento.
- Há, há, há... [risos]
- sertão das mulhé bonita...
– ôoopa
- ...e dos caba fei' também ha, ha
- ...há, há, há... [risos]

- Lula!
- Pronto patrão.
- Monte na bestinha melada e risque. Vá ligeiro buscar Samarica parteira que Juvita já tá com dô de menino.

Ah, menino! Quando eu já ia riscando, Capitão Barbino ainda deu a última instrução:
- Olha, Lula, vou cuspi no chão, hein?! Tu tem que vortá antes do cuspe secá!
Foi a maior carreira que eu dei na minha vida. A eguinha tava miada.

Fundamentação para a institucionalização do Museu do Parto Prof. Galba Araújo

(Projeto desenvolvido pela Prof. Dra. Silvia Bomfim Hyppolito e assinado pelo Prof. Dr. Carlos Augusto Alencar, para pedido da formalização e institucionalização do museu do parto como não só sendo  pertencente a Maternidade Escola, mas também da Univerdade Federal do Ceará.)

INTRODUÇÃO

O início do movimento em prol dos museus brasileiros inicia-se timidamente no século XIX com a criação de instituições museológicas voltadas para as áreas da História Natural e de institutos históricos e geográficos regionais. O exemplo brasileiro mais próximo de uma instituição museológica pode ser reconhecido no Museu de História Natural, criado por D. Luis de Vasconcellos, Vice-Rei do Brasil, de 1779-1790. Por tratar-se de uma instituição voltada para a taxidermia de animais a serem enviados a Portugal como objetos de curiosidade, o Museu passou a ser conhecido popularmente como Casa dos Pássaros. Em 1818, este Museu de História Natural foi transformado por D. João VI em Museu Real, e em 1892, passou a funcionar com o nome de Museu Nacional. Em 1946, passa a integrar a estrutura de ensino, pesquisa e extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.  
Além deste, são poucos os exemplos de museus criados no século XIX, a maioria ainda à época do Império como o Museu Militar do Arsenal de Guerra, na Casa do Trem (1865) e o Museu da Marinha (1868), ambos extintos; o Museu Paraense (1866), organizado em 1894 pelo naturalista suíço Emílio Goeldi; o Museu Provincial do Paraná (1885), transformado em Museu Júlio de Castilhos, em 1907; e, finalmente, o Museu Paulista inaugurado em 1895, no Parque Ipiranga. Nas primeiras décadas do século XX, persiste este quadro do final do século XIX, sendo criados poucos museus, dos quais podemos destacar: em 1906, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, reorganizada em 1911 e 1932. 
No entanto, é somente no século XX, nas décadas de 20 e 30 que os museus alcançarão uma dimensão maior com o desenvolvimento de uma política de ideologias e tendências nacionalistas e passarão a ser considerados pelo Estado como instrumentos de poder e status e guardiões e detentores da cultura e de uma identidade nacional.  
É neste contexto e a partir das comemorações do Centenário da Independência do Brasil é que são criados os primeiros museus “oficiais” dedicados à história e à arte nacional: Museu Histórico Nacional (1922), Museu Casa de Rui Barbosa (1930), Museu Nacional de Belas Artes (1937), Museu da Inconfidência (1938), Museu Imperial (1940), Museu das Missões (1940), Museu do Ouro (1945), Museu de Arte Moderna de São Paulo (1947), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1948), Museu do Índio (1953) e o Museu da República, na década de 60. Todos estes museus ligados ao poder público têm como principal função representar e apresentar, ao público, em nível nacional, determinados fatos e personagens da história brasileira.
Mesmo com o incentivo para a criação de novos museus e novas tipologias, estas instituições culturais que encontram, em sua maioria, sob a tutela dos poder público caem no ostracismo a partir da segunda metade do século XX. É somente no século XXI, com políticas públicas voltadas especificamente para o campo museológico é que estas instituições tomarão um novo fôlego, seja através da realização de concursos públicos para provimentos de cargos, seja através de injeção financeira para reestruturação e modernização dos equipamentos culturais. Atualmente, encontramos um cenário propicio para a criação e institucionalização de museus, a fim de difundir diversas áreas de conhecimento que devem ter sua memória preservada para gerações futuras.
Em termos numéricos, o Brasil conta 2.778 instituições museológicas mapeadas através do Cadastro Nacional de Museus do Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM, sendo que 2.759 são presenciais e 19 virtuais. Deste número total 2.541 estão abertas a visitação pública, 83 em fase de implantação e 135 fechadas. No ranking dos museus por região, o Nordeste ocupa a terceira posição com 582 instituições museológicas, ficando atrás da região sudeste (1098), do sul (753) e à frente da Centro-Oeste (203) e Norte (123). No que se refere à região nordestina, o Ceará ocupa a segunda posição com 107 instituições museológicas cadastradas. O estado da Bahia lidera com 143 instituições. 
No âmbito local, a cidade de Fortaleza possui cerca de 20 museus e centros culturais em funcionamento e cadastrados junto ao Sistema Estadual de Museus do Ceará, dentre os quais 3 pertencem a Universidade Federal do Ceará: Museu de Arte, Casa José de Alencar e Seara da Ciência. Destacamos ainda, no âmbito da UFC a iniciativa de projetos de recuperação e preservação da memória do Centro de Ciências Agrárias, do Curso de Farmácia, do Núcleo de Processamento de Dados, além do próprio Museu do Parto, que atua desde 2002 , desenvolvendo atividades museológicas na área de exposição, documentação, ação educativa e conservação de objetos.
A memória da área médica no Brasil vem sendo preservada através da criação de museus e centros culturais em universidades e/ou em associações de profissionais das áreas da Medicina. O Brasil, conta, atualmente, com 23 instituições museológicas da Memória da Medicina (ANEXO 1), dentre as quais destacamos que 7 estão inseridas no contexto universitário: UFRJ, UFPE, USP, UFMG, UNB, UFAL e UFBA. Destas 23 instituições, 7 estão localizadas na região Nordeste: Museu Estácio de Lima e Memorial da Medicina Brasileira (BA); Memorial da Medicina (RN); Museu da Medicina de Pernambuco (PE); Museu de História da Medicina de Alagoas, Sala de Memória do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes e Memorial Maria Aragão (AL). 
Podemos afirmar que é uma área em crescente expansão e que merece um olhar mais atento, principalmente, das instituições de ensino e pesquisa brasileiras. Já antenada às necessidades e demandas destas instituições museológicas, em março de 2010 foi realizado no Rio de Janeiro, o I Encontro Nacional de Museus da Medicina, cuja principal finalidade era criar uma Rede Nacional de Museus de História da Medicina. Tanto encontro quanto a rede foram organizados pela Federação Nacional dos Médicos – FEBAM e cujo primeiro resultado foi a criação do sítio eletrônico (www.redemuseumedicina.org) da Rede Brasileira de Museus da Medicina.
Neste sentido, e antenado a estas novas possibilidades de recuperação, preservação e difusão da memória da medicina no Brasil é que justificamos perante o Conselho Universitário da UFC a institucionalização do Museu do Parto Galba Araújo na Maternidade Escola Assis Chateaubriand a fim de possibilitar a filiação junto ao Sistema de Museus do Ceará, ao Sistema Brasileiro de Museus e à Rede Brasileira de Museus da Medicina, bem como concorrer em editais públicos para melhoria do museu e das atividades museológicas da instituição.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Folders do Museu

Folder 1 (clique nas imagens para ampliá-las)

Folder 1
Folder 2
Folder 2

Museu do parto: um rico acervo histórico e material para difusão do conhecimento sobre o parto humanizado - Contribuição de Galba Araújo

Por Camila Sampaio Nogueira

Departamento de Saúde Comunitária, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza - Ceará

INTRODUÇÃO: A humanização do parto é um fator relevante que precisa ser reconhecido, diante do contexto atual. Atualmente os altos índices de cesáreas, no Brasil, ultrapassam o permitido pela OMS, refletindo, assim, uma real necessidade de melhorias para a assistência obstétrica. A preferência pelo parto cesareano, mesmo sabendo-se dos diversos benefícios que o parto humanizado pode oferecer à mãe e ao bebê, deve ficar restritas às indicações médicas.

OBJETIVO: Este trabalho pretende apresentar o Museu do Parto e suas atribuições, sendo esse um projeto de extensão da UFC, localizado na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC), que defende e propaga o Parto Humanizado, destacando seus benefícios e promovendo uma ação educativa sobre a temática. 

MÉTODOS: Refletindo aspectos antropológicos e socioculturais, o Museu é constituído por um conteúdo histórico-cultural de destaque, peças cirúrgicas e material multimídia que traz aos acadêmicos e à comunidade em geral, semanalmente, explanações sobre como eram feitos os partos em diversas regiões do interior do Ceará. Peças como bancos de parto, fórceps e mesa obstétrica compõem o rico acervo resultante da contribuição do Professor Galba Araújo, primeiro diretor da MEAC e, sobretudo, defensor da melhoria da qualidade da assistência obstétrica. 

RESULTADO: O Museu do Parto, desde 2002, vem exercendo grande contribuição na difusão do conhecimento acerca do Parto Humanizado e de seu contexto histórico no Ceará, gerando novos olhares sobre o tema e incentivando a busca por novos saberes aos acadêmicos da saúde, por exemplo. Ademais, aspectos sobre o parto humanizado na MEAC e os direitos das gestantes são pontos divulgados no museu, aos visitantes.

CONCLUSÃO: O Museu do Parto é um expressivo difusor sobre o Parto Humanizado, decorrente de uma determinação ímpar de Galba Araújo em contribuir com a melhoria da assistência obstétrica.


Antero Coelho Neto depõem sobre o trabalho de Galba Araújo

Antero Coelho
Publicado em Ethos-Paideia Blog em 27/03/2006

Sim Xisto, foi o famoso internacionalmente Prof. José Galba Araújo que iniciou no Brasil o grande movimento pelo "agente de Saúde" no final da década de 70 (Prêmio Nacional do Ministério da Saúde).
Veja quantos anos já lá se passam. Movido pelos mesmo movimentos parecidos e emergentes em Cuba, Chile e outras tentativas latino-americanas, sob influência da OPS/OMS (que chamamos aqui no Brasil de OPAS-Organização Panamericana da Saúde), o Galba, visionário da saúde da mulher gestante (parto humanizado), criou o seu programa de "parteiras curiosas" e logo a seguir de agentes de saúde como uma complementação da saúde da família.
Em 1980, imediatamente ao sair da UNIFOR, eu como Professor da UFC e como defensor, desde a Faculdade de Medicina quando criamos na UnB, da medicina comunitária, chamada também de medicina de família (depois saúde da família), passei a lhe ajudar como Coordenador do Programa PAPS e depois PROAIS conhecidos em toda AL. Como eu era também Consultor da Fundação Kellongg, conseguimos financiamento para o que se tornou um dos maiores programas de saúde das Américas e foi o Dr. Galba, meu cunhado, que me deixou saudade eterna (estou chorando ao lhe escrever o nome), que alavancou e prestigiou o Programa. Eu apenas lhe ajudei na parte técnica de projetos e medicina global que lhe faltava.
Foi ele, seguramente, o líder do grande movimento Latinoamericano da saúde da mãe-filho. Depois o Tarso utilizou a ideia no seu programa "Agentes de saúde".
As nossas publicações estão no mundo todo. N as Bibliotecas do mundo. É só pesquisar através da National Library of Medicine. E, como tem acontecido sempre, as ideias se repetem com "novos" descobridores, usufruindo direitos indevidos.
Foi sim, o Prof. Galba, na Maternidade Escola Assis Chateaubriand, comigo e com vários de seus excepcionais comandados, que ainda hoje aí lutam pela Saúde da Família, que iniciou esse movimento vitorioso no Brasil.

Assistência médica ao parto : estudo comparativo do parto assistido na posição vertical e horizontal


Tese de Mestrado da Dra. Silvia Bomfim





Título: Assistência médica ao parto : estudo comparativo do parto assistido na posição vertical e horizontal






















Título em inglês: Medical childbirth : comparative study of assisted delivery in vertical and horizontal position

Autor(es): Hyppólito, Silvia Bomfim

Orientador(es): Bruno, Zenilda Vieira

Palavras-chave: Intervenção médica, assistência obstétrica, episiotomia, posição ao parir.

Data do documento: 1997

Citação: HYPPÓLITO, S. B. (1997)

Resumo: A literatura mundial já vem demonstrando, há bastante tempo, que a assistência médica em obstetrícia trouxe benefícios incalculáveis aos partos distócicos. Por outro lado, as tecnologias utilizadas para a assistência ao parto normal, a nível hospitalar, vêm sendo questionada e, intervenções, como a episiotomia, o uso abusivo de ocitócicos para abreviar o período de dilatação, e a posição horizontal (deitada) da parturiente, durante o período expulsivo do parto, estão sendo analisadas e criticadas por um largo número de pesquisadores. O presente estudo visou testar a hipótese de que a assistência ao parto normal na posição vertical (sentada), durante o período expulsivo, seria mais apropriada, por ser fisiológica. Além disso, não se usou o procedimento da episiotomia e observou-se a influência da sucção do mamilo materno pelo RN no tempo de delivramento e perdas sanguíneas, sem o uso de ocitócicos. A diferença média de 3,4 minutos em favor da menor duração do período expulsivo, para as parturientes que foram assistidas sentadas, merece destaque, apesar da significância do dado estar em seu limiar estatístico, ao nível de 95% (p=0,06). A maioria das parturientes delivraram espontaneamente até 25 minutos depois do parto, não importando se assistidas na vertical, ou na horizontal; as perdas sanguíneas também tiveram equivalências estatísticas(p=0,52). A sucção do mamilo materno mostrou alguma influência mas não logrou significância estatística em relação a perdas sanguíneas (p=0,19) e ao tempo de delivramento (vertical: p=0,08; horizontal: p=0,52). Mesmo sem o procedimento da episiotomia, as lacerações vulvo-perineais se mantiveram em 44,1% e 47,1% para as mulheres que pariram na vertical e horizontal, respectivamente (incidência mais baixa do que os 52,3% que se encontra na literatura), sendo que mais de 80% em ambos os grupos, a laceração foi de 1° grau e o restante apenas de 2° grau. Não ficou evidenciada qualquer vantagem na posição vertical sobre a posição horizontal materna durante o período expulsivo do parto e delivramento, sendo portanto indicado que se permita a livre escolha da parturiente. A abstenção do uso de ocitócicos e de episiotomia não acarretou prejuízo às mães que pariram, em qualquer das duas posições. Assim, os achados do estudo não apontam para a necessidade de intervenções obstétricas de rotina, na assistência ao parto normal; indicando, outrossim, que elas sejam mais criteriosas, evitando-se iatrogenias e promovendo assistência de melhor qualidade e mais humanizada.

Abstract: Since a long time, world literature has been demonstrating that medical assistance brought large benefits to complications on deliveries. In the other hand, overused obstetric technologies on normal delivery assistance in hospitals are being questioned. Interventions such as episiotomy, the abuse of oxytocic to shorten the dilatation period and the laying down posture imposed to women during labor are being criticized by a large number of researchers. This study intended to find out if the sitting position to assist the second period of women’s delivery is more appropriate for it is considered physiological. Besides that, no episiotomy has been performed and immediate breastfeeding consequences on blood loss and on the delivery of placenta were observed. The 3.4 minutes difference on favor of the length of time expulsion period to the group of women who delivered on vertical position versus horizontal’s was considered important but not statistic significant (p=0.06). The great majority of mothers has delivered the placenta within the first 25 minutes, regardless they were on the upright (sitting) or neutral (laying down) position. Blood loss was also equivalent on both groups (p=0.52) and breastfeeding did not show any influence on that (p=0.19) and on the time for delivering the placenta (sitting-p=0.08; laying down-p=0.52). The incidence of perineal trauma was 44.1% and 47.0% for women who delivered on vertical and horizontal position, respectively (this incidence was even lower than the 52.3% which is reported on literature). More than 80% of the spontaneous injuries were 1st degree posterior perineal trauma and the rest was just 2nd degree ones, for both groups. It was not evident any advantage of the vertical position over the horizontal’s, during the expulsion period of labor and delivery of placenta. So, mothers could be given the choice in the posture to be assumed during parturition. The absence of oxytocic and episiotomy did not bring any harm to women delivering in any of the two positions. The outcomes do not support medical intervention should be used as routine on normal delivery and for that, those interventions could have a better criteria, avoiding more harm than good and offering a more humanized delivery assistance.

Descrição: HYPPÓLITO, Silvia Bomfim. Assistência médica ao parto : estudo comparativo do parto assistido na posição vertical e horizontal. 1997. 102 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 1997.


Aparece nas coleções: DSC - Dissertações defendidas na UFC


Acervo do museu

ACERVO



Nº de Registro: MP001
Classificação: Mobiliário
Nome/Título: cama de relho


Descrição: espécie de cama de couro chamada vulgamente de “Sofredouro” na qual algumas gestantes, na zona rural do Estado, deitavam durante os primeiros períodos do parto. No período expulsivo, costumava-se amarrar cordas às quinas desse móvel, sendo a outra ponta da corda entregue à gestante, que a puxava, adquirindo uma posição quase verticalizada.






Nº de Registro: MP002

Classificação: Mobiliário
Nome/Título: Mesa Obstétrica
Descrição: mesa de parto desenvolvida pelo próprio professor Galba Araújo, sendo patenteada pela empresa Baumer. Possui encosto inclinável, permitindo a adoção de uma posição próxima à vertical, adequando-se também à posição litotômica.








Nº de Registro: MP003
Classificação: Mobiliário
Nome/Título: Cavalinho


Descrição: Réplica de um modelo primitivo trazido ao Ceará por colonizadores portugueses. Usada pelas gestantes para alívio das dores do parto.







Nº de Registro: MP004
Classificação: Mobiliário
Nome/Título: Banco de parto


Descrição: banco em madeira com três pernas, com formato semelhante à letra “V”, sem apoio (encosto). Modelo bem parecido ao de Savonarola(1547). Réplica dos primeiros bancos de parto trazidos ao Ceará por colonizadores portugueses, usada por parteiras empíricas para auxiliar no parto de gestantes do interior do Estado.







Nº de Registro: MP005

Classificação: Mobiliário
Nome/Título: Banco de parto


Descrição: banco em madeira com quatro pernas, apresentando maior largura nas laterais. Réplica dos primeiros bancos de parto trazidos ao Ceará

Nº de Registro: MP006
Classificação: Mobiliário
Nome/Título: Banco de parto


Descrição: banco em madeira sem apoio usado por parteiras empíricas para auxiliar no parto de gestantes do interior do Estado.

Nº de Registro: MP007
Classificação: Mobiliário
Nome/Título: Banco de Parto


Descrição: banco de madeira com quatro pernas (estando as anteriores inclinadas em relação às outras). Modelo bem parecido com o desenvolvido por Eucarius Rodins (1544). Réplica dos primeiros bancos de parto trazidos ao Ceará por colonizadores portugueses, usada por parteiras empíricas para auxiliar no parto de gestantes do interior do Estado.



Nº de Registro: MP009
Classificação: Mobiliário
Nome/Título: Vértebra de Baleia


Descrição: osso da coluna vertebral de uma baleia que encalhou em Cumbuco (Ceará). Curiosamente usada pelas gestantes da comunidade, devido à crença a parturiente teria um bom parto, quando o utilizasse.

Imagens da homenagem ao prof.Galba no congresso BirthBrazil 2015


3 filhos do Prof. Galba com Prof.Federico Mariona Prof.Antero Prof.Silvia


Apresentadores da sessão Galba Filho Silvia Bomfim Terry Araujo Antero Coelho Neto



Apresentação da Profa. Dra. Silvia Bomfim.


Apresentação do Prof. Antero Coelho Neto


O casal Mariona com Galba Filho e Silvia Bomfim



Prof,Carlos Augusto Alencar com Prof,Silvia Bomfim e Prof. Federico Mariona

Biografia Médica do Prof. Dr. José Galba de Araújo

O professor Galba Araújo graduou-se em 1941 pela Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia, fazendo um Curso de Especialização, “Interno”, no peri odo de 1936 a 1941 na Maternidade Climério de Oliveira e estágio na Clínica Ginecológica da Faculdade de Medicina da Bahia, obtendo ali a Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia. Sua pós-graduação foi nos Estados Unidos da America do Norte, inicialmente com Residência “internship”no Illinois Central Hospital de Chicago, em 1942. Foi ainda Residente no American Legions Hospital Battle Creek, Michigan em 1943, e Residente no Lake Forest Hospital, Lake Forest, Illinois, em 1944.
Foi presidente do Centro Médico Cearense, entidade fundada em 25 de março de 1913, com o objetivo de unir as classes de Medicina, Farmácia e Odontologia e, como tal, foi um dos fundadores da Faculdade de Medicina do Ceará como professor Assistente, em 1950, tornando-se depois Catedrático em Clínica Obstétrica, quando a Faculdade de Medicina foi incorporada à Universidade Federal do Ceará em 1954, ano de sua criação pelo Reitor Antônio Martins Filho.
Como vimos, pelo resumo de seu currículum, o Prof.Galba Araujo teve uma formação médica em centros altamente especializados, no entanto teve que encarar a difícil realidade do Ceará, Estado do Nordeste do Brasil, onde a Medicina formal se resumia aos grandes centros urbanos. Foi como primeiro Diretor da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, inaugurada pelos Diários e Rádios Associados e entregue à Universidade Federal do Ceará em 14 de dezembro de 1963, que o Professor teve experiências que mudaram a estratégia de assistência obstétrica que lhe era familiar.
Observou que parturientes chegavam ao hospital que dirigia, já sem tempo de serem socorridas, em trabalho de parto obstruído, com alta frequência de perda fetal e, morbi-mortalidade materna considerável. O agravante era que as distâncias percorridas por estas parturientes não eram significativas, fazendo-o crer que havia deficiência logística para a referência dos casos de risco, ou que as parteiras empíricas da zona rural que assistiam a estas mulheres não sabiam reconhecer os prognósticos de um parto obstruído.
Em 1975, o Professor Galba deu início ao Programa de Assistência Materno-Infantil que se tornou num dos principais projetos de extensão acadêmica de Saúde da Universidade Federal do Ceará. O programa funcionava através da atuação de agentes formais e não formais de saúde, contando ainda, com a significativa participação da Fundação Kellog e o Projeto Hope.
A influência deste pioneirismo extrapolou as fronteiras do Estado e do Pais, haja vista que a Organização Mundial de Saúde (OMS) programou a Conferência Mundial de 1985 em Fortaleza, para favorecer um melhor conhecimento dos participantes aos projetos de Atenção Primaria aos quais a MEAC dava cobertura e,oportunizar uma maior divulgação a nível internacional destas iniciativas. A literatura especializada da OMS frequentemente se reporta á "carta de Fortaleza" em assuntos da assistência materno-infantil.
Podemos citar os pontos mais importantes: a) Implantação de um Projeto de Assistência Primária de Saúde. financiado pela Fundação W.K.Kellog que oferecia a Hierarquização de serviços de Saúde Maternos, às regiões I e III do Estado do Ceara, com a criação de postos de atenção primária ou secundária e referência terciária à MEAC A esta época (desde 1975) o Serviço Universal de Saúde (SUS) ainda não havia sido pensado, e a referência secundária e terciária de casos mais graves ainda hoje é aleatória. b) Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia com escala de plantões nos postos de atenção primária e secundária já citados, e que se localizavam na zona rural e periurbana. Isto acontecia muito antes da reforma curricular de nosso curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará, (2001) quando passou-se a estimular uma formação mais generalista do jovem médico, promovendo campos de treinamento não só dentro dos hospitais terciários. c) Estímulo ao parto normal humanizado, com o mínimo de intervenção médica, tão em voga até os dias de hoje, preconizando a obediência à fisiologia natural do parto, a posição vertical no período expulsivo, e a presença do acompanhante familiar.
Através do reconhecimento pelas comunidades assistidas, da importância da atuação inicial do projeto, houve uma ampliação natural dos objetivos iniciais. Este Programa teve como estratégias fundamentais: a utilização de tecnologias simplificadas; a ação delegada de saúde a agentes empíricos, o baixo custo operacional das ações, pelo envolvimento de lideranças comunitárias na execução das atividades a nível primário; implementação de um sistema de referência, onde somente os casos identificados como de alto risco merecessem a atenção secundária e terciária, conferiram o êxito obtido.
Através de tecnologias apropriadas e a utilização de lideranças locais, foram oferecidas atividades de Assistência Pré-Natal e ao Parto Natural, Planejamento Familiar, Prevenção do Câncer Ginecológico e de Mama, Seguimento da Criança, Estímulo ao Aleitamento Materno, Monitorização do Crescimento, Promoção de Imunização e Vigilância Epidemiológica e Terapia de Reidratação Oral.
O programa de Atenção Primária de Saúde implantado pelo Professor José Galba Araujo foi institucionalizado pela Saúde de várias formas, e diversos lugares.
Ao ser perguntado se não se importava quando alguém ou algum órgão replicava a metodologia sem lhe dar o devido crédito, respondia: “Um homem vive eternamente nas suas ideias”.

A cesárea já pode ser feita a escolha da mulher


CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.144, DE 17 DE MARÇO DE 2016

Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 22 jun. 2016. Seção I, p.138


É ético o médico atender à vontade da gestante de
realizar parto cesariano, garantida a autonomia do
médico, da paciente e a segurança do binômio 
materno fetal
.
O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, alterada pela Lei nº 11.000, de 15 de dezembro de 2004, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, embasado no exposto acima:
CONSIDERANDO que o alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional;
CONSIDERANDO que no processo de tomada de decisões profissionais, de acordo com os ditames da sua consciência e as previsões legais, o médico deve aceitar as escolhas de seus pacientes relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por eles expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas;
CONSIDERANDO que o médico pode alegar autonomia profissional e se recusar a praticar atos médicos com os quais não concorda, ressalvados os casos de risco de morte do paciente, devendo sempre que possível encaminhá-lo para outro colega.
CONSIDERANDO que é vedado ao médico deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal (Art. 34 do CEM);
CONSIDERANDO que é vedado ao médico deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte (Art. 22 do CEM);
CONSIDERANDO, finalmente, o decidido na sessão plenária do Conselho Federal de Medicina realizada em 17 de março de 2016, 

RESOLVE:
Art. 1º É direito da gestante, nas situações eletivas, optar pela realização de cesariana, garantida por sua autonomia, desde que tenha recebido todas as informações de forma pormenorizada sobre o parto vaginal e cesariana, seus respectivos benefícios e riscos.
Parágrafo único. A decisão deve ser registrada em termo de consentimento livre e esclarecido, elaborado em linguagem de fácil compreensão, respeitando as características socioculturais da gestante.
Art. 2º Para garantir a segurança do feto, a cesariana a pedido da gestante, nas situações de risco habitual, somente poderá ser realizada a partir da 39ª semana de gestação, devendo haver o registro em prontuário.
Art. 3º É ético o médico realizar a cesariana a pedido, e se houver discordância entre a decisão médica e a vontade da gestante, o médico poderá alegar o seu direito de autonomia profissional e, nesses casos, referenciar a gestante a outro profissional.
Art. 4º Esta resolução entra em vigor na data da sua publicação.





O texto a seguir foi escrito por Francisco José Eleutério, em resposta a resolução acima. 


Um novo paradigma em obstetrícia no Brasil


A Terra em suas voltas mostra uma gigante onda a se formar no meio do oceano: um saudável movimento pelo retorno benfazejo às origens do parto natural. Ao longo da história a assistência ao parto passou pelas imaculadas mãos de mulheres não- médicas. Por volta da Idade Média com o surgimento das Universidades na velha Europa, os novos profissionais do sexo masculino egressos de tais instituições se apoderaram da assistência ao parto. A realização de cesáreas fazia-se de forma excepcional por conta de elevados índices de mortalidade materna e fetal, visto que, não existiam, por exemplo, antimicrobianos, anestesia, bancos de sangue e ambiente propício ao partejar cirúrgico. O século XX assistiu a uma elevação gradual do número de cesáreas, em alguns países mais que em outros. Hoje, no Brasil , integrantes do Governo Federal, da Medicina Suplementar, do Ministério Público, das Entidades Médicas e da comunidade de um modo geral, clamam pelo retorno dos antigos patamares do parto natural, como já acontece em muitos países pelo mundo afora. Correto. Nestes locais a assistência pré-natal e o parto natural ficam por conta de um grupo de profissionais: médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, odontólogos e doulas, dentre outros, com resultados auspiciosos. O Brasil passando a adotar práticas de assistência pré-natal com múltiplos profissionais e equipando seus hospitais públicos e privados de forma adequada poderá reverter, sem maiores óbices, os elevados índices de partos cirúrgicos. Para tanto ao casal gestante, desde o início do pré-natal dar-se-á ciência que seu parto, se for de seu acordo, acontecerá numa unidade hospitalar com uma equipe composta de médico plantonista, enfermeira, auxiliar de enfermagem, doula , assistente social e NÃO necessariamente pelo médico que conduziu o seu pré-natal . Não se torna mais factível, nas atuais circunstâncias, um só profissional ser o responsável pleno de todo o complexo percurso da gestação, parto e puerpério. Certamente, com esta nova estratégia, o resultado será auspicioso, rico em segurança para o binômio mãe- filho e altamente satisfatório para o profissional médico, que livre desta obrigação, poderá usufruir seu tempo para estudar e reaprender saberes aplicados a esta nobre arte de partejar. Isto sem contar que poderá gozar férias, fins de semanas e feriados, curtindo ao bel-prazer seus breves dias neste paraíso terreno, como qualquer trabalhador comum. À minha vista, não vislumbro outra saída no horizonte, livre de quaisquer embates entre todas as partes interessadas nesta salutar peleja em nome da saúde de nossa população. Fica aqui o registro da simples opinião de um médico que peleja na arte de partejar há 43 anos, com a humilde participação em cerca de 15.000 benditos partos. Aleluia!


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